Edson “Fenômeno” Hulk: o pivô artilheiro “sem” bike!

No início de 2023, acompanhei alguns treinos, de equipes diversas, para poder ver como estava sendo construído o jogo aqui em minha região, no Brasil. A intenção era aprender mais sobre a modalidade e trocar ideias sobre o jogo. Numa dessas oportunidades, em conversa entre alguns amigos especiais, e que compartilhavam suas experiências no Brasil e também na Europa, trocamos uma ideia sobre o jogo do pivô. Um destes amigos citou que, em sua primeira temporada na Europa, ele teve um questionamento de seu treinador. E, segundo este treinador: “Pivô que é pivô tem que dar bicicleta”! E este, definitivamente, não era um dos recursos mais importantes que este atleta em especial carregava.

Entre nós foi unânime que o uso da bicicleta é apenas um recurso para o pivô e não o jogo do pivô propriamente dito. E é importante separar bem estas ideias.

Pra sublinhar este ponto, numa conversa informal, no início da preparação da seleção brasileira para a Liga Evolução, da CONMEBOL, conversei com o Edson “Hulk”, a quem tenho chamado de Edson “Fenômeno”, e explico! A conversa aconteceu um dia após o término da primeira temporada do Circuito Brasil de Beach Soccer, na qual Edson, que para mim é mesmo um “fenômeno”, marcou impressionantes 21 gols, em 8 jogos, se tornando o artilheiro absoluto da competição.

Fiquei realmente impressionado com os números, e a grande pergunta não poderia faltar:

– “Quantos, desses 21 gols, foram de bicicleta?”.

E pra minha surpresa, Edson responde:

– “Nenhum, professor”!

Então, veja só, nós estamos falando de um artilheiro, que atua como pivô, que tem inúmeros recursos nesta posição, tem sido artilheiro de todas as competições das quais tem participado e que, dentre todos os recursos de jogo, o menos usual deles é o da bicicleta! E isto é absolutamente significativo, porque quebra um paradigma com relação ao argumento inicial que “o pivô tem que ter o recurso da bicicleta”.

Qual é o ponto aqui?

Pivô tem que ser da bike?

No mundo do Beach Soccer, e no futebol em geral, há uma tendência em categorizar os jogadores com base em suas habilidades específicas, e talvez isso precise ser reconsiderado. Porque embora todos os fundamentos que se utilizem sejam importantes, é crucial compreender que a função de um jogador vai além desses aspectos isolados ou de um recurso específico. É preciso validar a compreensão que a verdadeira essência do Beach Soccer reside na capacidade do atleta entender o jogo e desempenhar um papel único no coletivo.

A função de um jogador vai além dos aspectos técnicos, táticos, mentais ou físicos isoladamente. Trata-se de compreender o jogo em sua complexidade, de tomar decisões rápidas e inteligentes, e que beneficiem a equipe toda de um modo geral. Assim, um jogador não é apenas um executor de determinado fundamento, mas sim um integrante de um organismo vivo que é o time.

Cada jogador desempenha um papel fundamental no sistema tático, na estratégia e na dinâmica do jogo, e a combinação de habilidades, inteligência e capacidade de adaptação é o que realmente define a função de um atleta.

“É a capacidade de ler o jogo, o posicionar-se adequadamente,  a capacidade de criar espaços para os companheiros e contribuir para o sucesso coletivo, que dão o diferencial para o atleta.”

Um jogador completo entende que a função do atleta vai além dos fundamentos individuais. É preciso reconhecer a importância da cooperação, da comunicação eficiente e da compreensão das necessidades da equipe.

Assim, a função de um atleta transcende as habilidades técnicas, pois é a combinação harmoniosa de todos os recursos, individuais e coletivos, que fazem o jogador estar lado a lado com a excelência, ser parte de algo maior e desempenhar um papel único no jogo.

Faz sentido pra você?

Abração e nos vemos em breve!

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