Episódio 3: Silvana Souza, uma jornada de resiliência e inspiração no Beach Soccer

Em meio às areias do Brasil e do Espírito Santo, nasceu uma história de determinação e superação. A trajetória de Silvana Souza, natural de Vitória, que aos 37 anos vive e respira este esporte há mais de uma década, tem como marca registrada o respeito, a simpatia, o sorriso fácil e uma dedicação incansável pelo Beach Soccer. A atleta que além do São Pedro, seu time do coração, já teve passagens por clubes como Vasco, Botafogo, Boa vista e Enseada/Brusque, revela seus desafios, sonhos e metas nessa entrevista exclusiva para o site “Beach Soccer Coach”.

Em seus primeiros contatos com a modalidade, Silvana relembra dos grandes jogos que assistia na arena de Camburi: “Meu primeiro encontro com o Beach Soccer foi assistindo aos jogos lá na praia de Camburi. Era prazeroso sair de casa pra assistir. Não faltava um jogo. E nessa época, eu só era uma menina que gostava de jogar uma peladinha na quadra, nada mais.”

Desafios e Superando Limitações no Beach Soccer

Seu primeiro contato com a modalidade foi puramente pelo prazer de jogar bola, observando as partidas na praia de Camburi, onde a magia do esporte começou a cativá-la. No entanto, quando a treinadora Rose Andrade a convidou para os treinos, Silvana se viu diante de um desafio: aprender tudo do absoluto zero. “Há uma diferença grande entre jogar futebol com as amigas e começar a treinar Beach Soccer de verdade”, relembra a atleta.

Mas nem tudo foi fácil e o que poderia ser uma situação que a tiraria da rota do Beach Soccer, acabou sendo o estopim para que Silvana seguisse ainda mais firme no que queria. Determinada a superar suas limitações, marca constante na vida da atleta, Silvana mergulhou de cabeça nos treinos, enfrentando cada dificuldade com coragem, resiliência e ousadia.

“Uma vez, num dos primeiros treinos, alguém riu de mim porque eu não sabia tocar, chutar, não sabia nem andar na areia, pra ser sincera. Aquilo me feriu, mas fui pra casa e pensei que faria daquilo o meu combustível, e que iria treinar sozinha, me dedicar ao máximo e aprender a jogar esse jogo de verdade”, lembrou a atleta que diz não guardar mágoa sobre o episódio.

Conquistas e Reconhecimento

E foi assim, dia após dia, que Silvana viu seus sonhos ganharem vida diante de seus olhos. Desde a seleção capixaba, até sua primeira convocação para seleção brasileira, Silvana conquistou e celebrou cada vitória com humildade, respeito a todos e gratidão, reconhecendo o valor de cada obstáculo superado e cada pessoa que fez parte de seu caminho até aqui.

“Depois de anos de esforço surgiu a seleção capixaba pra mim. Logo depois veio minha primeira convocação para a seleção brasileira, onde aprendi muito, como atleta e ser humano”, diz Silvana sobre os momentos decisivos de sua carreira.

Triunfos e Desafios

Entre os momentos mais marcantes de sua carreira estão o título brasileiro de 2019 e suas conquistas em competições internacionais, como o título da América Winners Cup e a disputa do Mundial de Clubes, onde foi finalista. Para Silvana, representar o Brasil em cenários globais, tanto na seleção quanto no São Pedro, foi a realização de um sonho que ela mesma nunca imaginou alcançar.

“Realizei um sonho de menina mesmo, ao jogar uma competição internacional pelo meu time do coração, sendo campeã das Américas e finalista do Mundial de clubes”, comemora Silvana sobre suas vitórias nas competições internacionais.

Equipe do São Pedro Beach Soccer, campeã da América Winners Cup

Inspiração na Comunidade

Além dos feitos esportivos, Silvana desempenha um papel fundamental em sua comunidade, inspirando jovens e crianças a perseguirem seus próprios sonhos. Sua mensagem de esperança e resiliência ressoa não apenas nas areias do Beach Soccer, mas também nos corações daqueles que a admiram.

“O Beach Soccer já salvou muitos meninos por aqui, graças ao nosso trabalho. Às vezes, a comunidade não dá muita importância pra isso ou não dimensiona de fato. Mas nós, que vivemos isso incansavelmente, sabemos bem da nossa importância na vida dessa garotada toda”, destaca Silvana sobre o impacto do esporte em sua comunidade.

Futuro e Persistência

Com os olhos fixos no futuro, Silvana continua sua jornada com determinação, buscando alcançar novos patamares tanto no esporte, quanto na vida pessoal. Seu objetivo é claro: ser campeã do mundo com sua equipe, concluir sua formação acadêmica e continuar contribuindo para o desenvolvimento do esporte em sua comunidade.

Inspirando Através da Experiência

Ao compartilhar sua história e seus insights, Silvana não apenas inspira, mas também motiva todos aqueles que têm o privilégio de conhecê-la. Sua história é mais do que uma inspiração; é um lembrete de que, com determinação e coragem, podemos superar qualquer desafio e alcançar nossos objetivos mais ambiciosos.

“Com tudo que já passei e sabendo como comecei, minha mensagem hoje é: não se limite, não desista dos seus sonhos e sempre acredite no poder da perseverança”, diz Silvana, com muita gratidão, lembrando que ainda quer realizar muito no Beach Soccer.

Confira abaixo a entrevista completa!

ENTREVISTA COMPLETA

Beach Soccer Coach: Como foi o seu primeiro encontro com o Beach Soccer, e o que exatamente fez seu coração vibrar por este esporte?

Silvana: “Meu primeiro encontro com o beach soccer foi assistindo aos jogos, lá na Praia de Camburi, onde comecei me apaixonar também assistindo as meninas do São Pedro jogarem. Era prazeroso sair de casa pra assistir. Não faltava um jogo e nessa época eu só era uma menina que gostava de jogar uma peladinha na quadra.”

BSC: Quando foi que você passou a acreditar que podia ter tantas conquistas e possibilidades através do Beach Soccer?

Silvana: A Rose Andrade, que é a treinadora do São Pedro, sempre me convidava pra participar, pra ir aos treinos. Só que eu não me achava capaz de aprender, porque aquilo ali parecia muito difícil. E era, viu?! (risos). Aquela galera já ganhava tudo. E eu entrei como uma criança que estava aprendendo a andar. Não foi fácil! Eu não sabia absolutamente nada! Não sabia nem andar na areia. Até que, com o passar dos anos, fui pegando o jeito e surgiu uma oportunidade na seleção capixaba, para um torneio no Rio de Janeiro. Depois disso foi só sucesso (risos).”

BSC: Você tem uma identificação muito forte com a comunidade de São Pedro, principalmente por conta do São Pedro Beach Soccer. Como tem sido isso pra você e que responsabilidades te gera, sendo uma atleta de seleção brasileira?

Silvana: “Fico muito feliz de hoje ser uma referência. Às vezes a ficha nem cai! É uma responsabilidade enorme, mas eu gosto. Isso me faz sair sempre da zona do conforto, porque eu sempre quero motivar as pessoas a acreditarem que é possível!

BSC: Qual é o impacto que o Beach Soccer tem na comunidade de São Pedro, principalmente nas crianças e adolescentes?

Silvana: “O Beach soccer já salvou muitos meninos por aqui, graças ao nosso trabalho. Às vezes eu acho que a comunidade não percebe tanto isso. Mas a gente, que vive incansavelmente toda esse trabalho, sabe bem da nossa importância na vida dessa garotada toda. E eu sou feliz demais por poder contribuir de alguma forma.”

BSC: Existe um momento específico em sua carreira, que você considera como um divisor de águas para você como atleta?

Silvana: “Acredito que foi a convocação para a seleção capixaba, porque dali veio a convocação para a seleção brasileira, onde aprendi muito como atleta e ser humano.”

BSC: Se você pudesse citar dois momentos muito marcantes na sua carreira esportiva, quais seriam?        

Silvana: “Eu tinha um sonho de jogar uma competição internacional e realizei isso o ano passado, e com meu time do coração, o São Pedro! Vencemos a América Winners Cup e fomos finalistas no Mundial de Clubes.”

BSC: Dada a intensidade do seu treinamento e jogos, como você se prepara mental e fisicamente para estar no seu melhor?

Silvana: “O tal do ‘mentalmente’ ainda é um desafio pra mim, porque eu nunca acho que estou bem fisicamente (risos). Confesso que preciso melhorar nesse lado. Porque, com isso, acaba que às vezes passo dos limites, e até me lesiono, porque dou meu máximo em todo treino que vou fazer. Eu treino como se eu estivesse jogando um campeonato, treino pensando no que eu poderia fazer no jogo. E por aí vai…”

BSC: Muitas vezes você precisou treinar sozinha. Nesse contexto, há algum tipo de treino específico, que você considera fundamental para seu desempenho como atleta?

Silvana: “Os treinos sozinha me salvam muito. Eu pego a bola, corro de um lado pro outro, corto, chuto, invento. O povo que passa na praça deve achar que sou maluca de verdade (gargalhada!). Mas é com isso que tenho melhorado meu rendimento.”

BSC: Na última convocação da seleção brasileira, vocês tiveram um tempo bem maior de preparação. Como você descreve esse período com o grupo e sob o comando do professor Fabrício Santos, e por que foi importante um tempo maior de preparação?

Silvana: “A minha convocação não saiu na primeira lista, por isso só consegui ter um treino. Mas pensa num treino bom? Eu aprendi tanto e não so como atleta, mas como pessoa também. O grupo estava unido, forte, fechado. E o professor sempre tirando o máximo da gente. Aprendi muito a ser intensa e a pensar no grupo ainda mais. Primeiro o grupo e depois eu.”

BSC: O que você acredita que é fundamental para que o Beach Soccer feminino decole não só no Brasil, mas em todo mundo?

Silvana: “As entidades acreditar mais na gente, investir na gente, o beach soccer feminino tá muito forte. Pode fazer competições grandes sim, que vamos dar conta. Tem que acreditar na gente, que a gente faz a nossa parte treinando e levando o esporte a sério.”

BSC: Quem luta pela modalidade, e trabalha sério, normalmente são as pessoas que tem conduta profissional com o Beach Soccer. Mas pensando em profissionalização da modalidade, de um modo geral, o que você acredita que precisa acontecer para que isto se concretize?

Silvana: “Infelizmente a modalidade ainda é amadora e poucas pessoas conseguem realmente viver dela. Mas acho que se cada um se esforçar um pouquinho, um pouquinho só, que seja, as coisas vão melhorando. Mas tem q ter um olhar especial pra isso.”

BSC: Quais são suas metas e sonhos, tanto em âmbito pessoal, como para a equipe do São Pedro Beach Soccer, nos próximos anos?

Silvana: “Quero ser campeã do mundo com meu São Pedro e concluir minha faculdade, poder trabalhar na área do esporte. E continuar dando minha contribuição para o projeto.” 

BSC: Como foi pra você a volta recente para a seleção brasileira e o que isso sinificou pra você?

Silvana: “Foi emocionante! Eu já tinha esquecido esse lance de seleção, meu foco estava total no São Pedro. Até que depois da final do Circuito Brasil, a galera veio toda me falar sobre a seleção. E eu fiquei bem surpresa. Mas pensei: Opa,tenho gás ainda (risos). Então vamos buscar esse sonho novamente no futuro. Só que esse futuro foi dois dias depois da minha volta pra Vitória! Enfim, feliz ,grata e o dobro de foco, trabalhando muito e sonho vivo.”

BSC: Considerando que você é um exemplo de perseverança e resiliência no Beach Soccer, que conselhos você daria para as jovens promessas da nossa modalidade?

Silvana: “Não desistir, ser obedientes ao treinadores, acreditar nos treinos, focar no trabalho. Curtir menos e treinar mais. E fazer de cada oportunidade uma chance de dar sempre o melhor.”

BSC: O que não pode faltar para quem quer realmente vencer nesse esporte? Silvana: “Resiliência, treino , foco, sonho, busca.”

BSC: Você já joga com a treinadora Rose Andrade há muitos anos, que pra mim já deveria integrar oficialmente a comissão técnica da seleção brasileira há algum tempo. Como tem sido essa experiência até aqui e por que essa dobradinha tem sido sucesso por tanto tempo?

Silvana: “Ela é maravilhosa! Já éramos amigas bem antes da minha entrada na equipe. Ela me ajuda muito em tudo. Ela sonha  junto com gente. Por isso só tenho gratidão por tudo. E ela vai ler isso aqui e ela sabe do que tô dizendo (risos).

BSC: Que oportunidades você ainda gostaria de ter no Beach Soccer e, se pudesse escolher, pra enriquecer sua experiência esportiva, com quem você gostaria de compartilhar ambiente de treinos e jogos?

Silvana: “Acho que jogar a Euro seria um sonho também, naquele cenário top! E tem uma atleta que joguei na seleção, mas que queria jogar mais tempo em clube com ela, que é a Adriele. O jogo da menina é muito bom! E acho que ia dar liga a gente jogando num clube. Sobre treinadores, eu queria ter experiência com o professor Carlos Henrique, com o professor Thiago antunes e com o  professor Juninho cinco. Acredito que ia aprender muito com eles, assim como aprendo com cada treinador que gentilmente me passa alguma informação, que eu sinto que vai fazer meu jogo crescer.”

BSC: Você pensa em atuar como treinadora quando encerrar a carreira como atleta?

Silvana: “Ainda não pensei nisso, mas quero ajudar de alguma forma.”

BSC: Que mensagem ou insight você gostaria de compartilhar com nossos leitores e os fãs do Beach Soccer?

Silvana: “Não se limite, não se distrai. Seja fiel aos seus sonhos, e não boicote nunca sua busca. Eu demorei 5 anos pra voltar para seleção.  E nesses 5 anos tive meus altos e baixos. Mas nunca desisti de acreditar na minha capacidade, treinei sem saber o que poderia acontecer e vi meus sonhos acontecendo!”

BSC: Por que valeu a pena essa entrevista?

Silvana: “Amei poder contar um pouquinho de mim. Eu acho que posso motivar as pessoas através da minha história. Gratidão, Beach Soccer Coach.”

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